PCdoB busca pavimentar candidatura a presidente da República desgarrado do PT



A deputada federal de Pernambuco, Luciana Santos, acredita que a hora é agora do PCdoB lançar candidatura à presidência da República. Em um bate papo com a equipe do BNews, descartou a tática como possibilidade de se afastar do PT. Negou que o corporativismo político tenha prevalecido com a decisão do STF sobre as suspensões de mandatos de político e afirmou que a Suprema Corte cumpriu a constituição. 
Luciana esteve em Salvador nesta sexta-feira (13) para participar da abertura do Congresso Muncipal do PCdoB, realizado na Escola de Arquitetura da Ufba, no bairro da Federação, em Salvador. 

BNews: Como está a articulação do partido a nível nacional? O partido vai mesmo lançar candidatura à presidência da República?
Luciana Santos: Estamos construindo um debate. No bojo do Congresso do partido buscamos diagnosticar a situação do País, apontar rumos e avaliamos que é um bom momento para uma candidatura para afirmais mais a nitidez ideológica, ideias sobre o Brasil e para que se tenha mais visibilidade às reformas estruturantes que defendemos a nação. 
BNews: É uma tentativa de se desvincular do PT? 
LS: Não necessariamente. Uma coisa não tem a ver com a outra. Estamos num momento de fragmentação do nosso campo. Nós sofremos uma derrota estratégica do País de uma atrás pra cá. Nós discutimos essa candidatura desde o ano passado, mas neste sentido de momento de fragmentação é preciso ter mais porta vozes, pois o pensamento da esquerda não pertence a nenhum partido, aliás, o pensamento progressista e de esquerda vai além de todos os partidos. Então em um momento como esse quanto mais candidaturas nacionais puderem afirmar caminhos, melhor. A gente acha que isso ajuda o debate de ideias para lá na frente tomar uma decisão para onde se vai convergir e assim garantir a melhor tática para derrota dessa agenda tão perversa para o País.
BNews: Do que foi aprovado da reforma eleitoral teve algo positivo?
LS: O positivo foi a gente evitar o pior. Por incrível que pareça. A reforma política é uma necessidade no País. Mas acontece que tudo que é feito de reforma no Congresso acabam sendo feitas vão na contra mão daquilo que precisa se resolver no sistema político. Temos um sistema político muito contaminado pela influência do poder econômico. Nós tentamos há muito tempo derrubar o financiamento empresarial de campanha e no entanto só conseguimos fazer isso porque o supremo decidiu. Conseguimos mitigar aspectos da reforma que ao invés de democratizar a política e dar mais acesso ao povo e tonar a disputa menos desigual, ia ser uma reforma no sentido contrário de democratização. Conseguimos mitigar clausula de barreira, conseguimos manter a coligação para esse ano, mas na resistência do que das resultantes positivas que poderíamos ter dessas reformas.
BNews: O STF tomou uma decisão recente sobre a suspensão de mandatos de políticos por parte do judiciário. Passou a decisão para o Congresso. A atitude, por exemplo, beneficia o senador Aécio Neves (PSDB). O que prevaleceu? O corporativismo dos políticos?
LS: Não. O que prevaleceu foi o respeito à Constituição Brasileira. Há muito tempo a Constituição tem sido desrespeitada. Tivemos o auge disso no impeachment da presidente Dilma, que embora o impeachment esteja previsto na Constituição, precisa ter crime responsabilidade. Passado um ano, está cada vez mais claro de que não tinha crime nenhum. O que se queria era interromper um projeto nacional e popular. Então você tem hoje cada vez mais no País a necessidade de defender o devido processo legal. O estado democrático de direito. Estamos vendo a olho nu o quanto estamos retrocedendo. O STF tomou a decisão de respeitar a CF, pois a Constituição diz que é o poder Legislativo que trata dos assuntos que dizem respeito aos parlamentares. Isso não quer dizer impunidade, quer dizer que o parlamento precisa tomar suas iniciativas concretas: instalar comissão de Ética e fazer tudo que cabe no sentido de punir todos aqueles que cometam algum tipo de crime. 
BNews: E o PCdoB da Bahia? Veio de uma eleição acirrada em Salvador com a candidatura de Alice Portugal e agora tenta uma vaga na majoritária encabeçada pelo PT e o governador Rui Costa (PT). Como você acredita que o partido deve se posicionar? Acha mesmo que vai ter espaço na chapa? Tem construção com o PT para isso?
LS: Nós temos dimensão para isso. Não é a toa que Alice foi candidata a prefeita e mostra uma representação de um campo de força aqui no Estado. O que nós temos a convicção e essa é a nossa história aqui na Bahia é de um partido muito atuante, de um dos maiores partidos do Brasil, uma das siglas que mais contribui nacionalmente para a cesta de votos na bancada federal, é um dos poucos partidos locais com três deputados federais... Então é um partido de muita tradição, combatividade, de inserção social e temos todas as condições de participar de uma chapa majoritária. Temos nomes, temos quadros forte para isso e, principalmente, boas ideias para a Bahia. 

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