Cercado de empresĂĄrios e religiosos, mas com a ausĂȘncia de alguns chefes de Poderes, Jair Bolsonaro (PSL) estreou como presidente da RepĂșblica no desfile militar de Sete de Setembro. Bolsonaro chegou no Rolls-Royce presidencial, com a faixa presidencial no peito, e, assim como na posse, estava acompanhado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), seu filho, e de uma criança, Ivo CĂ©sar Gonzalez, 9.
Com camisa da Seleção Brasileira, a criança foi chamada por Bolsonaro no caminho que percorreu até a tribuna de honra. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e os filhos Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal, e Flåvio Bolsonaro (PSL-RJ), senador, jå o aguardavam no local.
Participaram ministros, embaixadores, os empresĂĄrios Silvio Santos (SBT) e Luciano Hang (Havan) e os pastores evangĂ©licos, como Edir Macedo (Universal), dono da Record TV. Antes de chegar ao desfile, Bolsonaro tuitou uma foto ao lado de Silvio e Macedo. A parada em comemoração ao Dia da IndependĂȘncia teve como slogan "Vamos valorizar o que Ă© nosso", mensagem espalhada em banners pela Esplanada dos MinistĂ©rios, principal via de BrasĂlia e local do desfile, e tambĂ©m em uma cartilha distribuĂda no local.
No livreto havia uma mensagem sobre valorização do patriotismo, o Hino Nacional e a programação do evento."Vamos escutar os milhares de brasileiros que emprestarĂŁo suas vozes, seu patriotismo e sua emoção nas arquibancadas e por todo o territĂłrio nacional, tornando este Dia da IndependĂȘncia mais um momento inesquecĂvel da nossa histĂłria, que cada um de nĂłs, certamente, jĂĄ começou a sentir", diz o texto introdutĂłrio.
Em comparação com a tribuna de honra do ano anterior, no Ășltimo Dia da IndependĂȘncia do governo Michel Temer (MDB), o ato promovido por Bolsonaro estava muito mais cheio. Com popularidade em queda, Bolsonaro pretendia transformar o evento anual em uma demonstração de apoio pĂșblico. O Planalto esperava reunir 20 mil pessoas. A PolĂcia Militar do DF informou que nĂŁo divulgaria estimativa oficial de pĂșblico.
"A independĂȘncia de nada vale se nĂŁo tivermos liberdade. Esta, por tantas e tantas vezes, ameaçada por brasileiros que nĂŁo tĂȘm outro propĂłsito a nĂŁo ser o poder pelo poder. EntĂŁo, a todos os brasileiros, e nĂłs pedimos, conscientizem-se cada vez mais do que Ă© este paĂs, esta maravilha chamada Brasil, um paĂs Ămpar no mundo, que tem tudo para dar certo. E precisamos, sim, de cada um de vocĂȘs, para reconstruĂ-lo. E a liberdade estarĂĄ em primeiro lugar", disse Bolsonaro em um vĂdeo divulgado pela assessoria de imprensa do governo.
O presidente também chamou a população a ir ao desfile. "O Brasil é nosso, é verde e amarelo", afirmou.
Para a preparação da cerimÎnia, ele liberou mais recursos do que seu antecessor e convidou religiosos, empresårios e militares simpåticos ao seu governo.
Para a preparação da cerimÎnia, ele liberou mais recursos do que seu antecessor e convidou religiosos, empresårios e militares simpåticos ao seu governo.
Os pastores RenĂȘ Terra Nova (Movimento Internacional da Restauração), Robson Rodovalho (Sara Nossa Terra) e Manoel Ferreira (Assembleia de Deus) tambĂ©m haviam sido convidados, mas a Folha nĂŁo conseguiu confirmar a presença deles atĂ© a publicação deste texto.
Hang e a lĂder do governo no Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), atenderam ao pedido do presidente e foram nas cores da bandeira. O dono da Havan, com seu tradicional terno verde. A deputada, de vestido amarelo, assim como a primeira-dama.
Ao ter sua chegada anunciada nos alto-falantes, o vice-presidente Hamilton MourĂŁo foi aplaudido. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi com a famĂlia ao desfile. TambĂ©m havia vĂĄrios ministros na tribuna. Os presidentes da CĂąmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, nĂŁo compareceram. Maia viajou para o Catar e Toffoli, para a Inglaterra.
Neste ano, a segurança foi reforçada. Havia barreiras impedindo o acesso de pessoas sem convites ao prédio do Ministério da Defesa.
Neste ano, a segurança foi reforçada. Havia barreiras impedindo o acesso de pessoas sem convites ao prédio do Ministério da Defesa.
Na Esplanada dos MinistĂ©rios, o comĂ©rcio de bandeiras, de camisas com as cores verde e amarelo e de faixas com o rosto e nome de Bolsonaro se posicionou desde cedo. Osmar Bonanza, 46, veio de SĂŁo Paulo para vender faixas e copos. Ele aproveitou que na tarde deste sĂĄbado (7) BrasĂlia sedia um jogo entre Flamengo e AvaĂ.
"Venho independente do governo. Mas as vendas caĂram desde que Bolsonaro entrou [no governo]", disse.
Aldenore Rodrigues, 60, mora em Recanto das Emas, cidade satĂ©lite de BrasĂlia, e hĂĄ mais de 20 anos comparece ao desfile de 7 de setembro com a famĂlia. Sem trajes com as cores da bandeira do Brasil, ela apoia o governo Bolsonaro mas nĂŁo teve tempo para procurar uma roupa que atendesse ao pedido do presidente.
Aldenore Rodrigues, 60, mora em Recanto das Emas, cidade satĂ©lite de BrasĂlia, e hĂĄ mais de 20 anos comparece ao desfile de 7 de setembro com a famĂlia. Sem trajes com as cores da bandeira do Brasil, ela apoia o governo Bolsonaro mas nĂŁo teve tempo para procurar uma roupa que atendesse ao pedido do presidente.
"Eu acho que as coisas no Brasil melhoraram, mas vĂŁo melhorar ainda mais". Luciano Nolasco, 48, mora em Sambaia, cidade prĂłxima a BrasĂlia. Ă primeira vez em que ele vĂȘ o desfile. Desempregado hĂĄ dois meses, ele afirma que foi Ă Esplanada de camisa amarela por causa do sentimento de patriotismo, despertado pelo bolsonarismo. "O paĂs precisa sair dessa crise. SĂł de o dinheiro nĂŁo estar sumindo por causa da corrupção jĂĄ Ă© um avanço".
Pedro Nelson de Oliveira, 53, foi de metrĂŽ de Samabaia a BrasĂlia. Sem emprego hĂĄ cinco anos, ele vive de contratos temporĂĄrios no ramo de papelaria e venda de produtos de informĂĄtica. Apesar de vestir uma camisa verde e amarela, Oliveira nĂŁo sabia que Bolsonaro havia pedido para que o pĂșblico usasse essas cores. "Eu vim com essa roupa porque sĂŁo as cores do Brasil. Ă 7 de setembro", declarou. Oliveira diz nĂŁo ter partido e que torce para que o Brasil possa gerar empregos e ele consiga se aposentar.
O pĂșblico da Esplanada reclamou da falta de telĂŁo no gramado. Os telĂ”es estĂŁo posicionados para quem jĂĄ estava na arquibancada.
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