Jornal Cidade

Maguila vira réu por improbidade e MP pede bloqueio de bens de R$ 12,7 milhões



Ação do Ministério Público da Bahia cobra a devolução de R$ 186,8 milhões ao 
IMUPRE, valor referente às contribuições previdenciárias descontadas de servidores 
e nunca repassadas pela gestão do ex-prefeito. 

O ex-prefeito de Correntina, Nilson José Rodrigues, conhecido como Maguila, responde 
agora como réu em uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério 
Público da Bahia. A denúncia, aceita pela Justiça, cobra o ressarcimento integral de R$ 
186.809.581,33 ao Instituto Municipal de Previdência Social de Correntina (IMUPRE), 
dinheiro que foi descontado dos salários de servidores municipais, mas nunca chegou ao 
fundo. 




No mesmo processo, o MP pediu o bloqueio de bens de Maguila no valor de R$ 12,7 
milhões, montante retido apenas em 2023, último ano de sua gestão. A medida buscava 
garantir parte do ressarcimento, mas foi indeferida pela Justiça, que, mesmo assim, 
manteve a ação em andamento e determinou novas exigências de comprovação 
documental. 

O caso escancara um mecanismo nocivo: os descontos previdenciários eram feitos em 
folha de pagamento, o servidor via o valor registrado no contracheque, mas o dinheiro não 
chegava ao IMUPRE. O que deveria assegurar aposentadoria e pensão se transformou em 
um rombo de quase R$ 187 milhões, acumulado ao longo dos anos por sucessivos 
parcelamentos que nunca foram cumpridos. 



O impacto do rombo 
Nos contracheques, a linha do desconto aparecia todo mês. No papel, parecia tudo certo. 
Mas, quando o servidor buscava o IMUPRE, descobria que aquela contribuição nunca 
chegou ao fundo. Era como se o dinheiro tivesse sumido no meio do caminho. 

O número assusta: quase R$ 187 milhões em valores que saíram do bolso de professores, 
garis, merendeiras, motoristas e enfermeiros. Só em 2023, último ano da gestão de 
Maguila, foram R$ 12,7 milhões retidos. Para ter dimensão: é como se o salário de mais de 
14 mil trabalhadores de base tivesse desaparecido sem explicação. 

A sensação para o servidor é de traição. O desconto era automático, não havia escolha, 
estava registrado e carimbado pela prefeitura. Mas o futuro que deveria estar garantido foi 
corroído por uma dívida que cresceu ano após ano, transformando a confiança em 
incerteza. 

A decisão da Justiça 
A denúncia apresentada pelo Ministério Público da Bahia não ficou no papel. A juíza 
Bruna Sousa de Oliveira, da Vara Cível de Correntina, recebeu a petição inicial e 
transformou Maguila em réu formal da ação de improbidade. A partir desse despacho, o 
ex-prefeito passa a responder oficialmente pelo rombo que ameaça a sobrevivência do 
regime previdenciário municipal. 

No mesmo pedido, o MP solicitou o bloqueio imediato de bens de Maguila até o limite de 
R$ 12.726.741,16, valor referente ao que deixou de ser repassado apenas em 2023. Mas a 
magistrada indeferiu a medida cautelar. Para ela, não houve comprovação de que o 
ex-prefeito estivesse dilapidando seu patrimônio, condição necessária para justificar o 
bloqueio. 

Mesmo sem congelar os bens, a decisão impôs exigências severas. O Município de 
Correntina e o próprio IMUPRE terão 15 dias para apresentar uma série de documentos: 
balanços contábeis, extratos bancários, fluxos de caixa e atas de nomeação de diretores. O 
não cumprimento acarretará multa de R$ 2 mil por dia. 
Além disso, Maguila foi citado a apresentar sua defesa no prazo de 30 dias. O processo 
entra agora na fase de contestação, em que o ex-gestor terá de explicar à Justiça o destino 
das contribuições que deveriam garantir a aposentadoria dos servidores municipais. 
Quem vai pagar o rombo? 

Com a decisão da Justiça, o ex-prefeito Nilson José Rodrigues, o Maguila, responde 
agora como réu em uma das maiores ações de improbidade já vistas em Correntina. O 
Ministério Público pede a devolução integral de quase R$ 187 milhões, valor que saiu do 
bolso dos servidores e nunca chegou ao IMUPRE. 

O que está em jogo não é apenas a biografia política de um ex-gestor. É a confiança de 
centenas de famílias que trabalharam uma vida inteira acreditando que cada desconto em 
folha seria transformado em aposentadoria. O dinheiro desapareceu, mas o direito continua 
de pé. A questão é: quem vai garantir que esse direito seja respeitado? 

Correntina assiste agora ao desenrolar de um processo que pode se arrastar por anos, com 
recursos e manobras jurídicas. Ainda assim, o simples fato de a Justiça ter aceitado a 
denúncia já representa um marco: pela primeira vez, o rombo previdenciário está exposto 
em juízo, com números oficiais e responsabilidade nominal. 

A pergunta que ecoa é simples e devastadora: quem vai devolver os quase R$ 187 
milhões? Enquanto a resposta não vem, a sombra desse rombo continua pesando sobre o 
presente e o futuro de cada servidor que pagou por um benefício que talvez nunca chegue.

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