Jornal Cidade

A urgĂȘncia da reciclagem de embalagens no Brasil

Imagens da internet



*Por Gicele Brandão, Head de Inovação da Positiv.a

Em 2030, seremos 9 bilhÔes de pessoas no mundo. Quase 3 bilhÔes a mais de indivíduos consumindo uma variedade de produtos e serviços. Estamos frente a um quadro de iminente exaustão de vårios recursos naturais e de diversos problemas decorrentes do excesso de resíduos gerados por esse alto consumo. Esse cenårio nos coloca frente a novos desafios para o desenvolvimento econÎmico, o bem estar das pessoas e a preservação do planeta. Repensar como produzir e consumir é papel de todos: governo, empresas e sociedade em geral.

SĂł no Brasil, somos mais de 200 milhĂ”es de habitantes gerando resĂ­duos. De acordo com dados do IBGE, cada brasileiro produz quase um quilo de lixo por dia, ou seja, sĂŁo 183 mil toneladas diĂĄrias. Nesse contexto, a Economia Circular Ă© uma alternativa que tem como objetivo despertar e conscientizar indivĂ­duos e organizaçÔes acerca dos impactos negativos causados pela geração de resĂ­duos. Ela incentiva as pessoas e empresas a repensarem seu consumo e as indĂșstrias a criarem estratĂ©gias mais sustentĂĄveis para o desenvolvimento de seus produtos.

É inevitĂĄvel que ao entrarmos em contato com esse cenĂĄrio, o repensar sobre o papel, destino e utilização e reutilização das embalagens nĂŁo desponte como um grande desafio. Em agosto de 2020, a PolĂ­tica Nacional de ResĂ­duos SĂłlidos completou 10 anos, mas a legislação que estabelece estratĂ©gias para a prevenção e a redução da geração de lixo, alĂ©m de criar metas para enfrentar problemas ambientais, sociais e econĂŽmicos que decorrem do manejo inadequado dos descartes estĂĄ longe de ter alcançado seu objetivo, especialmente quando o assunto Ă© reciclagem.

O Brasil gerou, sĂł em 2018, 79 milhĂ”es de toneladas de lixo de acordo com o Panorama dos ResĂ­duos SĂłlidos 2018, elaborado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza PĂșblica e ResĂ­duos Especiais (Abrelpe). Deste total, a estimativa Ă© de que somente 3% sejam de fato reciclados, sendo que o potencial Ă© de atĂ© 30%. SĂŁo muitos desafios que temos para vencer: um sistema de coleta seletiva eficiente, educação sĂłcio ambiental e polĂ­ticas pĂșblicas.

Um dos principais desafios estå na educação, pois um programa de coleta seletiva depende que, primeiro, as pessoas pensem antes de jogar o resíduo no lixo para que ele seja separado desde a hora que cai na lixeira, mas a maioria dos brasileiros ainda desconhece o funcionamento da reciclagem. Falta informação desde o funcionamento da coleta seletiva até sobre o que é reciclåvel ou não. Embalagens de salgadinho e balas, por exemplo, são feitas de um plåstico muito mole, que tem pouco valor comercial e, por isso, raramente são recicladas. Outro exemplo são as embalagens sujas de alimentos, que perdem a capacidade de reaproveitamento. Poucos sabem que é preciso lavar o pote de iogurte antes de jogå-lo na lixeira.

Algumas embalagens feitas de aço e alumĂ­nio jĂĄ possuem logĂ­stica de reaproveitamento desenvolvida, mas o plĂĄstico, muito presente em nosso dia a dia, ainda Ă© pouco valorizado nesse processo de reciclagem. Para que possamos superar esse desafio Ă© necessĂĄrio que haja um incentivo de empresas para que as pessoas atuem nessa ĂĄrea de negĂłcios, com mecanismos que favoreçam as indĂșstrias para que consumam o material reciclado tornando-o competitivo em relação ao material virgem.

De uma forma bem simplificada, açÔes para a migração de uma economia linear para uma economia circular que podem ser levantadas por empresas são:

• os resĂ­duos de uma indĂșstria devem servir como matĂ©ria-prima reciclada de outra indĂșstria ou para a prĂłpria;

• os produtos devem ser desenvolvidos tendo em mente um reaproveitamento que mantenha os materiais no ciclo produtivo;

• produtos e serviços tĂȘm origem em fatores da natureza, e que, no final da vida Ăștil, retornam para o meio ambiente por diferentes formas com menor impacto ambiental;

• buscar manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nĂ­vel de utilidade e valor pelo maior tempo possĂ­vel.

A reciclagem é uma alternativa dentro do processo de Economia Circular que deve ter foco, passar por melhorias e incentivos. Mas, além da reciclagem, é fundamental que outras iniciativas aconteçam em paralelo, como minimizar a utilização de embalagens, ressignificar o que estå em nossas mãos e a criação de materiais e design de produtos mais sustentåveis.



Sobre Gicele BrandĂŁo

Graduada em Economia e com MBA em Marketing e Gestão de Projetos, Gicele Brandão tem trajetória de mais de 20 anos em inovação e marketing em empresas nacionais e multinacionais líderes no setor de cosméticos e moda. Passou por empresas como Marisa, Contém1g e Natura. Atualmente é líder de inovação e desenvolvimento de produtos na Positiv.a, empresa B que cria soluçÔes para cuidar da casa, do corpo e da natureza.



Gabriela Cardoso | Fala Criativa
(11) 97344-5100

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